Em 4 de fevereiro de 1969, uma terça-feira, o Santos Futebol Clube escreveu um capítulo marcante em sua história ao interromper a Guerra de Biafra com uma partida de futebol. Em meio ao conflito, o jogo entre o Santos e a Seleção do Meio Oeste da Nigéria se tornou um símbolo de esperança e alívio para o povo nigeriano.
A partida não foi originalmente planejada pelo empresário Samuel Ratinoff, mas ocorreu depois de garantir a segurança do time durante sua estadia. O Santos, que havia recentemente conquistado o Torneio Roberto Gomes Pedrosa com uma vitória sobre o Vasco, mostrou seu domínio no futebol brasileiro ao vencer o jogo por 2 a 1, com gols de Edu e Toninho. O estádio em Benin, próximo à fronteira com a região separatista de Biafra, recebeu cerca de 25 mil espectadores. Pelé, o maior astro da equipe, foi recebido com flores e grande entusiasmo.
Santos optou por não disputar a Libertadores
O Santos havia optado por uma série de amistosos na África em vez de participar da Copa Libertadores de 1969, decisão motivada por razões financeiras e pela ausência de benefícios econômicos significativos para o clube em torneios continentais. A turnê africana incluiu jogos na República do Congo, Lagos, Moçambique e culminou na Nigéria, onde a partida em Benin aconteceu em um período de intensa guerra civil.
A Guerra de Biafra, uma das maiores tragédias humanitárias do século XX, teve início em 1967 com a declaração de independência do Estado de Biafra pelo governador militar Chukwuemeka Odumegwu Ojukwu, após uma série de golpes de Estado e conflitos étnicos. A guerra, marcada por graves fome e sofrimento, só terminou em 1970 com a rendição de Biafra. Estima-se que o conflito tenha causado entre 500 mil e três milhões de mortes.
O impacto do Santos na Nigéria foi profundo. O jogo proporcionou um breve alívio da guerra e destacou o poder do esporte como um unificador em tempos de crise. A presença do Santos e a figura lendária de Pelé ajudaram a trazer uma sensação de normalidade e alegria para o povo nigeriano, deixando um legado duradouro de admiração pelo futebol brasileiro e por Pelé. Após Benin, o Santos continuou sua turnê por Gana e Argélia antes de retornar ao Brasil.